segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Questão de tempo

É um tanto desesperador ,ver alguém caindo do topo tão subitamente. E ao mesmo tempo, muito inspirador, saber que aqueles que um dia foram importantes, hoje não sao nada. As máscaras não são pra sempre. Malditos encantos, que viraram sintomas de velhice, não é mesmo ?!E agora, se vê sozinho, em volto de paredes que se fecham a cada não que a vida te dá. Confesso que tive pena, mas não posso deixar de dizer que deixei um sorriso sarcástico escapar do canto da boca. Infelizmente, me alimentei dessa derrota por alguns minutos, até lembrar que eu ajudei a construir todo esse reinado ilusório. Águas passadas, meu amigo... Águas passadas. Mas gostei de observar e registrar toda essa queda livre. Algumas palavras saem das nossas bocas como pragas. Mas nunca imaginei que fosse se cumprir tão rápido.



domingo, 9 de agosto de 2015

A maneira descontente de descobrir que estou a fim de outro

É isso.
Não tem muito o que dizer. Essas relações são complicadas, envolventes, perigosas, saborosas. Ele me trata com cautela, é estranho como um anula o outro, até perco meu vínculo. E as vezes me pego pensando no que há de errado, por que me abala as pernas? E não paro de remoer aquelas antigas amigas: confiança e ilusão. Eu cheguei a analisar indícios de paixão, já descartei. Você é daquele tipo perigoso que me domina porque eu sei que não vou ser capaz. Daqueles a quem me descabelaria enlouquecida, sedenta por mais um minuto. Mas você não vai entender, nunca entende. Porque você me acha fraca, vazia, medrosa. Enquanto ele me ilude. E você gosta.
Apenas saiba, sei que sou a fim de você porque descobri que estou a fim dele.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A última noite dos 19

Nesses dias loucos andei pensando, onde foi parar minha coragem? O meu abuso? A minha audácia? Nunca tive. Nunca os tive.
E é só mais um ano, mais um dia, mais um mês. E essa falta que você me faz, puta, como me destrói. E a falta que faz perder você.
Nesses dias loucos eu sempre enlouqueço e me desfaço de mais um ano que se vai. E a consequência lateja, o que eu não fiz?
Só posso dizer que essa noite prometeu. Um reencontro, umas luxúrias, uns vinhos, umas amizades, um bem estar. Hoje não acordei depressiva, nem feliz.
A idade chega como murros cegos de uma faca.

sábado, 27 de junho de 2015

Sobre pessoas erradas.

Não tenho palavras para descrever toda essa fúria. Me desce um calafrio quase visceral, que arreganha todas as minhas vertentes abissais.
Eu quero ser sem escrúpulos. Mergulhada em sal e sangue. Quero ter o poder de te dizer não, de te matar todas as quinhentas vezes como planejei, te ressuscitar e te matar mais uma vez pra ter certeza.
Sim, me pus a me entediar em seus blefes, nas suas cartas, na tua história.
Chega!
Não aguento essas reflexões sobre mim.
Você não me conhece querido. E porra, eu sou tão idiota.
Eu quero me sentir deploravelmente ferida, sem orgulho, sem estratégias. Quero mostrar minhas garras, ser puta, ser inflamável, me explodir, me fingir de santa, lamber seu sexo e ser penetrada com força, sem amor. Quero me libertar dessas amarras de boa moça, da família, do "ela é pra casar". Não sou nada disso. Sou fruto, carne, animal. Quero me fundir a terra, ser colonizada, escravizada. E depois disso tudo vou querer foder. Foder sem papas na língua. Com homens, com mulheres. Não peço mais que isso. Preciso ser abusada, usada, molhada, marcada.
E depois, eu vou olhar pra você e dizer que nada disso é verdade.
Eu sou uma puta.

domingo, 7 de junho de 2015

Só mais um domingo.

Fico ali. Imersa. Em moléculas, em qualquer lugar.
De todas as mortes dolorosas, essa é a mais precoce. E nessa transparência que me estraçalha o peito e dilacera órgãos, me vejo em reflexos turvos em água desiquilibrada. Na sua leveza fui pesada. E as palavras pesam, não há bóias que façam emergir. Me afundo na fúria da quietação, com partículas quebradas. Sem saber. Inunda o vazio. No teu sal me visto espessa, e me apego, me arrebento, me descuido. E meus pulmões enchem de água. Água negra, água ácida. Mergulho em anseios, e o corpo se debate, luta.
E fico ali, imersa.

domingo, 31 de maio de 2015

Retalhos de um remorso

Confesso que houve um declínio de realidade entre uma crise e outra. E ainda tem todos aqueles erros que cometi por vaidade. E toda essa insanidade a nossa volta. Causando esse desespero silencioso. E sabemos que nada será como antes. Entre o corpo e a mente há um nó de três pontas. E nenhuma delas me pertence. Tentei reconstruir aquela incrível corrente que se quebrou, mas algumas peças se perderam. E agora, não há amor no mundo que a deixe firme. Eu lembro como se fosse ontem, o dia que eu disse adeus e fugi. Eu só queria respirar. Mas a verdade, é que o espelho não mente. E ele andou dizendo que tudo que eu vivi, foi uma farsa.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Senhor

Existe um luto.
Um luto longo e grosso.
Sem títulos e sem amor.
Apenas luto.
Que esmaga, estraçalha, que corrói.
Um luto que é negro de todas as cores.
E logo depois o vazio.